Um dos cereais mais consumidos no mundo, o trigo pode ser uma ótima oportunidade de fonte de renda para os negócios rurais. Nesse texto, você confere porquê o plantio de trigo tem relevância significativa para a economia nacional.
Pães, bolos, biscoitos, pizzas e massas em geral. Você sabe o que todos esses alimentos têm em comum? Além de serem consumidos em todo o mundo, essas refeições também têm como uma de suas bases o trigo. Por isso, o plantio de trigo tem uma grande demanda!
O trigo é o segundo cereal mais consumido no mundo, ficando atrás somente do milho. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na safra 21/22, foram produzidas mais de 770 milhões de toneladas do cereal mundialmente e a perspectiva para a safra 22/23 é ainda melhor, com potencial de 796 milhões de toneladas.
Esse incremento na produção só reafirma a importância social e econômica desse cereal para diversos países. No Brasil, isso não seria diferente. Na atualidade, em nosso país, aproximadamente 133 mil propriedades rurais realizam o plantio de trigo, com grande parte da produção destinada para a demanda interna.
Além disso, o Brasil também possui grandes oportunidades de aumentar a sua produção do cereal, mas isso ainda depende muito de importações e do mercado internacional. Neste artigo, você confere a importância econômica do plantio de trigo para o País e os cuidados que não podem faltar no início dessa cultura.
Qual a importância econômica do plantio de trigo?
Quando falamos sobre os maiores produtores mundiais de trigo, o Brasil ainda ocupa uma posição distante dos primeiros colocados no ranking, sendo o décimo sexto maior produtor. Contudo, a produção do cereal vem crescendo anualmente, motivada, em especial, pelo mercado interno.
Nos últimos anos, no cenário nacional, o plantio de trigo e sua produção quantitativa quase dobrou. Para se ter uma ideia, em 2019, foram produzidas cerca de 5 milhões de toneladas do grão. No final de 2022, a produção do cereal atingiu um novo recorde de 9,5 milhões de toneladas.
Esses números são um reflexo de um mercado aquecido a nível global. A insegurança da oferta mundial do trigo, motivada pelo recente conflito europeu, e condições climáticas adversas, que afetaram outros grandes produtores, motivaram o mercado brasileiro, que respondeu ao aumento da demanda.
Além disso, neste ano, a expectativa também é positiva. As previsões indicam um aumento do consumo interno, que deve ser próximo de 13 milhões de toneladas. Por sua vez, as exportações devem permanecer em um patamar elevado, com cerca de 3 milhões de toneladas do grão.
Mas, diante do bom cenário, será que é vantajoso investir no plantio de trigo? No próximo tópico, você verá alguns pontos relevantes que podem ajudar com essa decisão.
Por que investir no plantio de trigo na sua fazenda?
Para investir em uma nova cultura na propriedade rural é necessário considerar diferentes variáveis: demanda do mercado, características do cultivo, infraestrutura da fazenda, investimento e muito mais. Trata-se de uma tarefa complexa e que exige muito planejamento.
Por isso, se você pensa em investir no plantio de trigo na sua fazenda, deve estar atento a alguns pontos importantes, como:
-
Custo de produção agrícola
O custo de produção agrícola é uma questão sensível, que engloba diferentes fatores e pode apresentar oscilações de uma safra para outra, especialmente no plantio de trigo, no qual alguns dos principais custos são insumos, como fertilizantes e defensivos.
Os custos médios também podem variar de estado para estado. No Paraná, por exemplo, considerado um dos maiores produtores do país, os custos por hectare da cultura ultrapassaram os R$ 4 mil. Contudo, essa não é uma situação exclusiva do trigo.
Essa questão torna-se ainda mais pertinente quando consideramos a elevação recente do preço dos insumos, que tiveram um aumento de mais de 100% nos seus valores. Esse cenário, no entanto, também é válido para outras commodities agrícolas, resultando em um aumento nos custos de produção.
-
Rentabilidade da lavoura
Para um negócio rural crescer e se tornar mais competitivo é preciso também se preocupar com a saúde financeira da empresa. Afinal, isso garante o pagamento de funcionários, investimento em insumos, infraestrutura, máquinas agrícolas e muito mais.
Por isso, analisar a rentabilidade financeira da safra é extremamente relevante, não apenas para conseguir calcular a margem de lucro, mas também para ajudar a limitar os custos, traçar planos de ação e evitar prejuízo.
No plantio de trigo, a safra brasileira 20/21 teve uma rentabilidade de 34%, segundo os dados da Conab. A valorização das commodities agrícolas teve grande influência nesse cenário, alavancando os preços de comercialização de diversas culturas.
-
Demanda
Outro ponto importante a ser avaliado, antes mesmo de iniciar uma lavoura, é a demanda. No caso do plantio de trigo, existem muitos mercados possíveis para comercialização do cereal, já que o grão está presente tanto na alimentação humana, quanto animal.
Uma prática comum entre produtores rurais, quando o trigo não atinge a qualidade necessária, é realizar a venda para o mercado de rações e também para a indústria de biocombustíveis. Dessa forma, é possível perceber que o plantio de trigo apresenta possibilidades para novos mercados e de rentabilização do produto.
-
Produção nacional
Mesmo os números da produção do cereal estando em crescente, no Brasil, o plantio de trigo tem ainda mais capacidade de expansão. Consequentemente, a cultura pode alcançar uma área maior de plantação e um aumento de toneladas geradas. Atualmente, o país é insuficiente na produção, importando grande parte da Argentina e dos Estados Unidos.
As primeiras projeções da safra 23/24, com base nos dados levantados pela consultoria Safras e Mercado, indicam que a área nacional destinada à plantação de trigo deve crescer 5%, totalizando quase 4 milhões de hectares.
Além disso, a expectativa é de aumento para a produtividade por hectare. Neste ano, espera-se colher cerca de 12,1 milhões de toneladas na safra, com destaque para os estados como o Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, com expectativa de crescimento na produção.
Quais os maiores desafios para a produção de trigo no Brasil?
Como em qualquer cultura, o plantio de trigo no Brasil ainda enfrenta alguns desafios, que vão muito além da sua insuficiência em atender a demanda interna. Como produtor rural, é importante avaliar quais desafios são esses e preparar melhor o seu negócio. Confira alguns deles abaixo:
-
Expansão da área de trigo
Para chegar na autossuficiência da produção da cultura, o Brasil busca formas de expandir a área de plantio de trigo em regiões menos tradicionais, como o Cerrado. Mas, para que isso aconteça, é preciso atenção e investimentos.
O principal deles é a adaptação desse cultivo à região, principalmente, por ser um bioma diferente do usualmente cultivado. Contudo, há muito potencial para aumentar a produção nacional de trigo.
-
Falta de investimento em pesquisa e tecnologia
Como mencionado anteriormente, a produção de trigo no País não consegue absorver a demanda interna pelo produto. Mesmo com recorde de produção, pelo segundo ano consecutivo, o plantio de trigo em solo nacional ainda não é suficiente para o nosso mercado.
Atualmente, o que é produzido atende apenas 64% da demanda interna. Além disso, no cenário global, a insegurança da oferta do cereal também cresce.
Por isso, o investimento em pesquisa e tecnologia voltada para as etapas do cultivo do trigo é uma oportunidade para aumento da produção. No Brasil, os investimentos são realizados pela Embrapa, com a aposta para o trigo tropical no Cerrado.
Com investimento em pesquisa e um trabalho integrado em um conjunto de frentes, será possível aumentar a produção de trigo e ter resultados cada vez melhores.
-
Clima adverso
O clima adverso tem consequência direta na atividade agrícola de muitas culturas. Com o trigo não é diferente. Secas, geadas e chuvas fora de época atrapalham tanto o desenvolvimento da cultura, quanto a sua produtividade.
Isso é agravado porque algumas doenças que podem acometer essa cultura, como giberela e brusone, estão diretamente associadas ao clima. Ademais, os métodos atuais de controle de fitopatógenos não se mostram muito eficientes.
Conclusão
Nesse texto, abordamos o cenário atual do plantio de trigo, caracterizado por uma demanda crescente e potencial nacional de aumento da produção da cultura. Assim, fica o questionamento: como o Brasil pode se posicionar para aproveitar mais essas oportunidades?
Além da questão econômica, historicamente, o trigo está presente em nossa alimentação, fazendo parte de receitas tradicionais. É preciso ter em mente a capacidade brasileira de produção e a atual insuficiência para atender a demanda interna, visto que o cereal é um dos mais consumidos no mundo, estando presente tanto na alimentação humana quanto animal.
Se você quer acompanhar mais o agronegócio brasileiro, ter acesso aos temas mais relevantes do momento e receber conteúdo sobre gestão agrícola, sustentabilidade, tecnologia, tratos culturais e máquinas agrícolas, acompanhe a Unapel nas redes sociais, pelo Instagram, Facebook e YouTube.
FONTES:
Revista Cultivar – https://revistacultivar.com.br/
Canal Rural – https://www.canalrural.com.br/
Embrapa – https://www.embrapa.br/
Money Times – https://www.moneytimes.com.br/
O Presente Rural – https://opresenterural.com.br/