Com a necessidade de promover técnicas sustentáveis no campo e a pressão pelo menor impacto das atividades humanas na fauna e flora, oportunidades como a agricultura orgânica ganham destaque. Veja como implementar na sua fazenda!
A sustentabilidade é uma pauta muito importante para a população mundial e tem sido associada também à alimentação saudável e livre de agroquímicos na composição. A preocupação com o meio ambiente tem surgido também no meio rural.
A importância de desenvolver métodos e equipamentos que causem um menor impacto à fauna e flora e repensar o processo produtivo para implementar práticas sustentáveis desde o plantio até a colheita são algumas das preocupações para os próximos anos, sendo, inclusive, uma tendência para a agricultura mundial.
Além disso, os consumidores, cada vez mais preocupados com a alimentação, têm intensificado o crescimento de um mercado no Brasil, a agricultura orgânica. O mercado de orgânicos tem aumentado entre 15% e 20% anualmente.
Este número demonstra que há demanda por alimentos orgânicos e, com isso, produtores rurais começam a ver novas oportunidades de produção, principalmente para a agricultura familiar, conectando quem produz a quem consome estes alimentos.
Neste artigo você verá sobre a agricultura orgânica, como as boas práticas para a produção de alimentos orgânicos, suas características e dicas para começar neste mercado. Além disso, conhecerá o panorama do mercado de orgânicos e suas oportunidades.
O que é a agricultura orgânica?
Para entender melhor o mercado e as oportunidades na produção de orgânicos no Brasil, é essencial começar pelo conceito, já que ele define a base para a agricultura orgânica no país. Conforme a Lei n°10.831/2003, pode-se definir da seguinte forma:
“Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não renovável, empregando sempre que possível métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente.”
Com isso, ao longo de todo o processo produtivo, o respeito ao meio ambiente, deve ser a base da produção, tornando a agricultura, de fato, mais sustentável. Dessa forma, ao pensar em agricultura orgânica, você precisa considerar:
- Preservação do solo;
- Conservação da biodiversidade;
- Uso responsável dos recursos naturais;
- Pensar economicamente os recursos utilizados ao longo da produção;
- Não utilização de aditivos químicos, transgênicos e produtos sintéticos.
Estes são alguns fatores-chave para pensar a produção de alimentos orgânicos. E se engana quem pensa que a agricultura orgânica utiliza técnicas já ultrapassadas, pelo contrário, é possível aliar ciência e tecnologia em prol da produção orgânica.
Um exemplo disso é a agricultura de precisão, que utiliza meios para coletar e analisar os dados para posteriormente aplicar melhorias nas fazendas. Na agricultura orgânica, podem ser utilizados no planejamento do plantio.
Além disso, o próprio mercado de bioinsumos, que ajudam no manejo de pragas e doenças na lavoura, no desenvolvimento do cultivo, bem como o baixo impacto ambiental que eles proporcionam, vem sendo viável para produtores de orgânicos e para médias e grandes propriedades.
Por que investir na agricultura orgânica?
Nos últimos dois anos, os hábitos alimentares dos brasileiros mudaram, se antes as comidas industrializadas eram as mais consumidas, hoje a busca pela melhor qualidade nutricional dos alimentos é responsável por modificar o mercado.
No período de pandemia, quando a maioria dos brasileiros estavam em casa devido às medidas de restrições, os alimentos orgânicos tiveram um grande crescimento de consumo, motivado principalmente pela preocupação com a saúde.
Isso é comprovado pelo estudo da Ecovia Intelligence, que mostra um aumento de 40% no consumo de alimentos orgânicos em diferentes países. Além da percepção ter mudado, o pensamento de que os alimentos orgânicos são mais nutritivos também é reforçado.
Segundo pesquisa realizada pela Associação de Promoção de Orgânicos (Organis) e pela consultoria Brain, uma a cada quatro pessoas acredita na melhor qualidade dos orgânicos. A pesquisa apontou ainda que a maior parte do consumo de orgânicos vem do hortifruti, grãos e cereais.
Analisando o contexto global, o mercado de orgânicos também se mostra lucrativo, arrecadando em 2019, 106 bilhões de euros. Os mercados mais lucrativos são o dos Estados Unidos, que lidera o ranking, Alemanha e França, que no mesmo ano apresentou um aumento de 13%.
Quais as características da agricultura orgânica?
O principal destaque da agricultura orgânica está na sua forma de produção, que precisa se enquadrar na lei que você viu mais acima. Contudo, a agricultura orgânica ainda rende produções menores, o que aumenta o valor dos produtos, podendo chegar a até 40% de aumento de preços em comparação com os produtos tradicionais.
Isso reforça algumas características que são importantes, como:
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Substituição de produtos sintéticos por naturais
Na agricultura orgânica a base da produção é a partir de produtos com compostos naturais, como biofungicidas, adubos orgânicos e outros tipos de bioinsumos, diferentes dos agroquímicos e sintéticos utilizados na agricultura tradicional.
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Manejo inteligente do solo
Aqui o solo tem um papel importante para o desenvolvimento da cultura e, quanto mais saudável for, mais próspero é. Dessa forma, é muito comum que os produtores de orgânicos deixem os restos naturais de outras culturas para enriquecer a terra de nutrientes.
Além disso, para evitar o desgaste do solo e, consequentemente, torná-lo empobrecido, utiliza-se a rotação de culturas e a combinação de plantio. A implementação destas técnicas também é importante para manter a diversidade de produção, evitando monoculturas.
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Uso consciente de recursos naturais
Visando o menor impacto das práticas agrícolas na fauna e na flora, a agricultura orgânica tem mais cuidado com a utilização dos recursos naturais em seus sistemas produtivos.
Um exemplo disso é o uso consciente da água, sempre utilizando meios que evitam o desperdício e levando em consideração a topografia do terreno para maximizar a distribuição.
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Valorização da agricultura familiar
Por ser um mercado com forte expansão, a agricultura orgânica pode ser uma opção de renda para a agricultura familiar e, principalmente para adentrar no mercado. Por meio de feiras e parcerias, é possível conectar consumidores e produtores.
Além disso, diferentemente das commodities agrícolas em que se espera produção em larga escala, para o pequeno produtor não há possibilidade de competir a agricultura orgânica configura uma boa oportunidade de produção.
Outra vantagem é produzir para um nicho mais específico, que entende a importância da produção orgânica e paga mais caro por isso. Diante disso, a agricultura familiar consegue se inserir em um mercado pequeno, mas com grande potencial.
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Maior sustentabilidade do plantio à colheita
Por apresentar uma relação melhor com o solo, os recursos naturais e até mesmo os processos que envolvem a própria produção, a agricultura orgânica emprega maior sustentabilidade e uma relação melhor com o meio ambiente.
O que analisar para começar na produção de orgânicos?
Como você viu, para ser considerada agricultura orgânica o produtor precisa se atentar à lei e também às características que envolvem este modelo de produção. Por isso, antes de iniciar na produção de alimentos orgânicos é importante se atentar a:
- Escolha das sementes para iniciar a produção;
- Práticas para o manejo de pragas e doenças na plantação;
- Tipo de adubação utilizado;
- As principais técnicas empregadas na produção de orgânicos;
- Preparo do solo, pensando na conservação e saúde;
- Seleção de insumos a serem empregados na atividade orgânica;
- Como e onde comercializar os produtos, bem como entender a demanda por alimentos orgânicos na região;
- Entender sobre o processo de certificação.
Estes são alguns fatores que precisam ser bem executados e planejados para que a produção de alimentos orgânicos seja realmente frutífera para a fazenda. Vale ressaltar que produzir orgânicos de forma segura e com qualidade exige responsabilidade e planejamento.
Conclusão
Neste artigo você leu sobre a agricultura orgânica e como funciona a produção de alimentos orgânicos, criando novas oportunidades para pequenos produtores e agricultores familiares.
Além disso, conheceu as características dos alimentos orgânicos, como a conservação do solo, respeito ao meio ambiente e sustentabilidade, utilização de insumos naturais e uso consciente dos recursos empregados na produção.
Também pôde se atualizar sobre o mercado de orgânicos no Brasil e no mundo e como a nova mentalidade do consumidor e a busca por alimentos mais saudáveis e nutritivos têm impulsionado o mercado.
Para finalizar, você viu os principais pontos para se atentar ao iniciar um projeto de agricultura orgânica na sua fazenda, como o manejo de pragas e doenças, cuidados com o solo e seleção de insumos.
Agora que você sabe a importância da agricultura orgânica e como aproveitar a expansão do mercado para trazer oportunidades para a sua empresa rural, fique atento às novidades e lançamentos da Unapel, marca que entende de agronegócio.
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Estagiária Thais Moreira*
*Sob supervisão de Isabela Azi
FONTES:
CI Orgânicos – https://ciorganicos.com.br/
Summit Agro – https://summitagro.estadao.com.br/
Metrópoles – https://www.metropoles.com/